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Quando eu era criança, se paraíso existisse, seria certamente como a casa dos meus tios-avós, Ângelo e Elvira, bastante próxima a da minha avó, mas feita com o piso elevado, de forma que nunca era alcançada pelas costumeiras enchentes de verão.
A casa já passou por diversos donos e hoje nenhuma família mora ali. É um salão, ou melhor uma clínica de beleza. Entrei lá, nesta minha passagem por Ouro Fino e, principalmente por dentro, ela continua maravilhosa. Os mesmo ladrilhos hidráulicos, os mesmos decorativos roda-tetos e e rodapés, pintados à mão, os mesmos afrescos na varanda.
Uma das primeiras geladeiras de Ouro Fino chegou no endereço desses meus tios-avós. Era daqueles enormes, de bar, que funcionava tanto à eletricidade como por motor, alimentado a querosene. No verão, limonada fresca só com gelo buscado na casa da tia Elvira, que também dava ponto as nossas gelatinas e guardava a carne da semana. No noite anterior, ou logo cedinho, a Vó Ina encarregava alguma das netas para buscar a carne do almoço armazenada naquele verdadeiro frigorífico.
Também nessa casa foi instalado um dos primeiros telefones particulares de Ouro Fino. E no meio da década de 50, era lá que minha mãe e primas esperavam as chamadas dos namorados que haviam dado baixa do recrutamento feito durante a II Guerra e voltado às cidades de origem. O horário da chamada era avisado com antecedência, por telegrama. Na verdade, o horário previsto era apenas tentativo porque as ligações costumavam ser completadas com várias horas de atraso.
Quando eu era menina, a prima Mercedes e o marido Maurício já haviam se mudado para Campinas. Mas era nessa varanda que eles namoravam com o consentimento dos pais, que discordaram no princípio, mas "depois viram que o rapaz era trabalhador e entregaram o futuro da filha a Deus", como disse minha tia Nair. Mas, antes disso, namoraram um bom tempo escondido. Ou melhor, pensavam que sim. Minha tia Elvira acompanhava a filha passo a passo, encarregando o tio Ângelo, irmão da minha mãe, de vigiá-los para depois passar-lhe o relatório completo das atividades dos pombinhos. Claro que meu tio, deliberadamente fingia que não via as melhores cenas e o relatório era dos mais chatos: sentaram juntos no banco da praça da Igreja, conversaram com este e aquele... Como confiar nos jovens, não é mesmo?
realmente muito linda essa casa...sempre que passo perto dela,ela me chama muito a atenção,nunca deixo de olhar...
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