domingo, 30 de agosto de 2009

Que belezinha!!!

Me maravilhei com esses pequenos ipês floridos, perfilados no canteiro central da rua de mão dupla ao lado do Coronel Paiva. No tempo dos meus pais e no meu tempo era Grupo Escolar. Acho que agora é Escola Estadual.
No tempo dos meus pais, não havia classes mistas, de meninos e meninas. Não ficavam juntos nem na hora do recreio. Havia um muro separando o pátio. Meninos de um lado, meninas do outro. Quando estudei lá, em 1957, do muro não havia qualquer vestígio. Minha primeira professora foi Dona Lígia Margini.

http://twitter.com/clarafavilla

Talento duplo

Falei em posts anteriores do talento da Ana Beatriz. Mas ela tem a quem puxar: à mãe, Marlene Favilla. Hoje aposentada, minha prima é daquelas que não param um minuto. Cuida de uma casa que é belezinha, como se diz em Ouro Fino. Cozinha muito bem. E dedica-se ao artesanato que vai da decoração de caixinhas até pequenos móveis. Acima, parte do atelier de Marlene.
Adorei essa caixinha decorada com elefantes, mas ela já tinha dono. Marlene disse que me fará uma ainda mais linda. Estou esperando.

Acima duas das caixinhas que comprei da Marlene, já na minha casa. Havia pensado em dar pelo menos uma de presente. Mas não sei não, acho que ficarei com as duas, já me apeguei a elas.

Minha prima é dessas pessoas de bem com a vida. Sempre arrumada, com um sorriso no rosto, gosta de sair, viajar. Tem a sorte de ter irmãs e cunhados por perto. E, é claro, o marido, Jurandir, o Jura, filho da querida tia Maria Ernestina e do inesquecível Dado. Era na casa deles que eu e meus primos Flávio e Marta, quando crianças, íamos assistir televisão.

http://twitter.com/clarafavilla

O Santo Cruzeiro de antigamente...

Na foto, tio Ângelo Pellicano e tia Santa Rigotto (o casal da esquerda), meu pai Dário Favilla e Elza Pellicano, o casal à direita, em companhia de primos e sobrinhos, em 1950.
-clique na foto para ampliar -

http://twitter.com/clarafavilla

São quatro os Evangelistas, são quatro os pontos cardeais, são quatro as principais virtudes...

Qundo eu era pequena, o morro, imediatamente atrás da rua General Osório,esquina com Wenceslaú Brás, ostentava um Santo Cruzeiro, que se iluminava à noite. Lá pelos idos da primeira metade da década de 50, o morro também hospedou uma grande e cintilante sigla de um partido político, o PSD.

Da esquerda para a direita: São Lucas (Norte); São João (Leste), São Marcos (Sul) e São Mateus (Oeste)

Para se chegar a este local, escalava-se o morro, agarrando-se aos arbustos mais rasteiros. Hoje, metade do morro foi aplanada pra acomodar uma estrada interestadual. Pode-se ir de carro até lá em cima, por um caminho asfaltado para se ter uma visão, que já foi mais encantadora, da cidade e sua igreja quase centenária. Agora, um prédio alto assombra a igreja e pesa na paisagem. Tem fotos de toda minha família ali neste alto, dos meus pais e tios ainda jovens, e de primos Se pagava promessa ali. Também se fazia piqueniques.

São Marcos está relacionado com a parte mais antiga da cidade, a sul...


Hoje, em cima desse morro tem uma fábrica de jeans com um grande estacionamento todo cercado de arame farpado, o que lhe dá uma aparência de campo de concentração. Ao lado, foi erguido um novo Santo Cruzeiro. Não dá para ser muito feliz ali não, mesmo que ainda permaneça a emoção de se poder quedar distraída, olhando a serra ao longe, abstraííííída... como na inesquecível canção da nossa professora de música, Dona Sula Pitaguary. Que Deus e os Anjos a tenham!!!

O artista plástico Maneco Gusmão colocou o Santo Cruzeiro numa espécie de templo sem paredes. Colunas com o a cabeça de cada um dos quatro evangelistas limitam o espaço sagrado. Lembra as acrópoles, os templos pagãos. Os evangelistas feitos de sucata, lembram aquelas figuras de aparência extra terrenas que guardam as chaminés da cobertura de uma das mais famosas casas de Gaudi em Barcelona, La Pedrera.

Cada coluna e seu ensimesmado Evangelista corresponde a um ponto cardeal. Assim, cada um deles reina sobre um pedaço da cidade. Mas para o não menos amado São Lucas, responsável pelo Norte, pela sabedoria de seus habitantes, sobrou bem pouco. Os olhos do santo não ultrapassam o prédio da fábrica de jeans, distante dali poucos metros. Fiquei tão pouco empolgada com a visão que me esqueci de tirar fotos nessa direção. Ou seja, este post está sem Norte, pronto pra perder o rumo.


São João com a parte mais nova, a que fica ao leste...

São Mateus olha para a saída Oeste, a das cidades do circuito das malhas: Jacutinga e Monte Sião

- clique nas imagens para aumentá-las -

Gostei muito dessa concepção artística que envolve o Santo Cruzeiro de Ouro Fino. Porque como todo número, o quatro tem grande simbologia mística. È o número da estabilidade, do que permanece para viabilizar mudanças e a própria passagem do tempo.
Leia o poema de
João Cabral de Melo Neto

O número quatro feito coisa
ou a coisa pelo quatro quadrado.
seja espaço , quadrúpede, mesa.
está racional em suas patas.
está plantada , à margem e acima
de tudo o que tentar abalá-la ,
imóvel ao vento , terremotos .
no mar maré ou no mar ressaca .


Sò o tempo que ama o ímpar instável
pode contra essa coisa ao passá-la :
mas a roda , criatura do tempo .
é uma coisa em quatro , desgastada .

Mais informações sobre o Quatro:
  • São quatro os Evangelistas.
  • São quatro os seres apocalítipticos.
  • São quatro os pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste.
  • São quatro as principais virtudes: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.
  • São quatros os principais elementos de tudo o que há no mundo, incluindo nós seres humanos: terra, fogo, ar e água.
  • No corpo vivo, a terra está na carne; o ar, no hálito; a água, no sangue; e o fogo seria nosso calor vital.

Ouro Fino - Domingo, 03 de maio de 2009

http://twitter.com/clarafavilla

A cidade cresce ...

O que era a casa principal da fazenda é agora apenas uma de um novo bairro da cidade, o dos Palomos, que tem como foco central dois lagos, a antiga represa. Em lugares assim, fazíamos piqueniques quando crianças. Ou íamos com nossas mães beber leite tirado na hora, direto no curral.
Tá parecendo casas de Brasília, não é mesmo?
Como a cidade se expande, o trânsito aumenta. Pais levam e buscam de carro as crianças da escola. Não se encontra vagas perto de agências bancárias e do comércio. Ou seja, problemas de cidade grande também nas pequenas.

sábado, 29 de agosto de 2009

Bolsas, bolsinhas e carteiras...

Bem, aqui mais sugestões de presentes de aniversário, Dia da Criança ou Natal. Todos feitos pelo talento de Ana Beatriz, que mora, bem aí, numa descidinha da Rua 13, logo depois da Padaria São Francisco, direção centro. A de cima eu comprei para minha sobrinha Lulu, filha do meu irmão Dário e Cybele.
Meninas também adorarão essas carteiras, ainda mais se vieram com algum dinheirinho dentro. As bolsinhas vou usar como embalagem de bijuterias.
Essas bolsas são bastante úteis, confortáveis, além de lindas.
Ainda vou ver pra quem darei. Será que resisto e as guardo até o Natal? Sei não, o aniversário da minha sobrinha Mariana tá chegando e acho que uma dessas bolsas feitas com tanto esmero, capricho pela Ana Beatriz, será dela.

Mimos feitos pela Ana Beatriz

Tudo tão bem feito, perfeito, de grande delicadeza. Tem mãos de fada, essa Ana Beatriz Favilla Ribeiro, filha dos queridos primos Marlene e Jura.
Não resisti e trouxe muitos deles para presentear amigas da Agência Sebrae.
Pois bem, gente de Ouro Fino, vamos prestigiar os artesãos da cidade?
Eu adoro comprar tais mimos. Podemos presenteá-los conforme a cor preferida ou sensibilidade do amigo e da amiga. Quase nunca entro em lojas para comprar presentes. Adoro frequentar feiras de antiguidade, de artesanato, ou visitar artesãos. Saio feliz desses encontros e com mil idéias para presentes compatíveis pro meu bolso.

Festa Italiana terá que mudar de endereço...

A festa que já faz do calendário turístico da cidade é realizada exatamente em frente da antiga estação ferroviária, agora sob ameça de demolição.
Participaram da festa deste ano mais de dua mil pessoas de Ouro Fino e cidades próximas.
As irmãs Sidnéia e Marlene Favilla, primas queridas de meu pai.

A festa é feita sob um grande toldo e há lugares para todos, comida e bebida farta.

A antiga ferroviária...

Este espaço não tem mais o glamour de outrora. O que restou da estação está bem mal conservado e pintado de azul e amarelo, cores que nada têm a ver com a original.

Reparem em frente da estação vários automóveis Ford, acho que da década de 20. Funcionaram como táxis até o final da década de 60. Hoje devem estar todo em garagens de ricaços paulistas.

Ouro Fino ainda guarda vestígios de cidade italiana. Se você chega a Turim, Florença, Milão, ou cidades menores como Pisa, a estação de trem está sempre na parte mais baixa da cidade e basta atravessar a rua para se encontrar hotéis para todos os bolsos. Depois vem as casas e em lugar privilegiado, a igreja.

Na foto, à esquerda dois hoteis tradicionais da cidade. O primeiro funciona até hoje, o Caiçara. O segundo, o Sá, foi demolido na calada da noite e muros esconderam o terreno vazio. Agora dizem que vão transformar o espaço em estacionamento, o que vem ocorrendo em toda a cidade.

Má notícia: A estação, espólio da Rede Ferroviária Federal, foi colocado pela CAIXA a leilão no início de agosto deste ano. O novo proprietário informa que vai colocar o imóvel abaixo para ali construir um hotel.

Circuito das Malhas...

Ouro Fino faz parte do chamado Circuito das Malhas, integrado por cidades do Sul de Minas.
O principal ponto de renvenda no atacado ou varejo de tudo que é feito em lã e linha é o espaço da antiga ferroviária.
Há várias lojas na cidade com a mesma propostas. Não me confirmei, mas me disseram que os preços de Ouro Fino são melhores que os das cidades vizinhas.

Mas seu eu fosse você que ainda não conhece o Circuito das Malhas, vale a pena se programar para fazê-lo. Ficará indignada pelos preços que paga em Brasília por produtos de inferior qualidade.

Então visite também Monte Sião e Jacutinga. Para comprar roupas de dormir e lingerie vá á Borda da Mata. Todas essas cidades são bem perto umas das outras. Além disso, a paisagem que verá émaravilhosa.

Linhas e agulhas...

Cresci vendo as mulheres de minha família labutando na costura, bordado e crochê para aumentar a renda da casa. Trabalhavam dia e noite Se paravam um pouco entre uma tarefa e outra, a cesta de linhas e agulhas estava ali por perto.
Minha tia Gracy Guimarães Pellicano ficou viúva com seis filhos para criar. O mais velho com dez anos e o mais novo com pouco mais de um mês. Além do expediente em sala de aulas, fazia biscoitos e empadinhas, além de roupinhas em tricô para recém nascidos.

Foto de banca no Pavilhão das malhas que funciona na antiga ferroviária da cidade.

Enxovais de antigamente...

Ainda nas décadas de 40 e 50, quase nada que as noivas levavam para a própria casa era comprado. Tudo feito, em casa, por amigas, vizinhas, ou alguma bordadeira ou costureira da cidade.

Só as riquíssimas iam a São Paulo fazer compras, acompanhada pela mãe, irmã ou madrinha. Hábito que passou a fazer parte também das moças das chamadas familias remediadas, aquela que podiam não ser consideradas ricas, mas tinham algum dinheiro.

Minha prima, Marlene Ribeiro Favilla, que se casou no início da década de 60, foi uma que acompanhada da mãe, oi até São Paulo buscar peças diferentes para o enxoval.

Tia Santa Rigotto era de profissão telefonista. mas dobrava a renda familiar bordando enxovais.
As fotos acima são de lencóis e fronhas do próprio enxoval.

Cortina, luz e bordado...

Manhã de março de 2009, em Ouro Fino.
O vento faz voar a cortina do quarto da Cris, filha da minha prima Glória Pellicano.
A luz do sol mostra o lençol bordado pela minha tia Santa Rigotto, há mais de seis décadas.

Rosa e Azul

Oas anjos guardiões do Sacrário, Igreja Matriz de Ouro Fino...
Me fazem lembrar das meninas em rosa e azul de Renoir

Anjo

Com as asas e a cabeça, o anjo suporta uma das colunas do altar principal da Igreja Matriz de Ouro Fino.

Estamos sempre voltando pra casa...


Prezados leitores,
minha sina é escrever.
Se eu acreditasse em vidas passadas me veria um escriba anotando todos os atos de um faraó e depois sendo enterrado com ele. Este escriba me habita há milênios. Nasci repórter. Mesmo antes de interpretá-los, registro os fatos. O que não deixa de ser o primeiro ensaio da interpretação.

Este blog dedico à cidade de Ouro Fino, onde nasceu minha avó materna, Venerina Ceccon Marcílio; meus pais, Dário e Elza. Minha cidade natal e de dois de meus irmãos, Vera e Dante. Talvez vocês que nela moram, nem a reconheçam nos posts deste blog. Porque falarei da cidade do meu coração, da minha cidade inicial, daquela que carrego comigo por onde quer que eu vá. Talvez ela nem exista de fato. É a cidade que sempre reluz em meus sonhos

Digo que sempre estamos voltando pra casa, buscando aquele lugar onde nossas dores tem amparo. Onde nos alimentamos de ambrosia, o néctar dos deuses. A nossa casa existencial, a casa do Pai. Não é sem razão que uma das parábolas bíblicas mais lindas é a do Retorno do Filho Pródigo. Outra é á dos Lírios dos Campos. Todas as duas impregnadas do sentimento que mais nos define como humano: a compaixão.

Foto
Janela da casa onde minha avó Venerina morou todo o tempo de casada, 18 anos, com Giuseppe Pellicano, nascido em Civitta, Calábria, Itália. A foto foi tirada em março de 2009. A janela é encimadapor uma concha marinha, símbolo renascentista da beleza.
Meu avó morreu em 1935, aos 46 anos, de ataque cardíaco, deixando minha avó viúva com nove filhos. Omais novo era ainda bebê, tinha seis meses. A casa fica na avenida Delfim Moreira e virou pontocomercial.