domingo, 30 de agosto de 2009

São quatro os Evangelistas, são quatro os pontos cardeais, são quatro as principais virtudes...

Qundo eu era pequena, o morro, imediatamente atrás da rua General Osório,esquina com Wenceslaú Brás, ostentava um Santo Cruzeiro, que se iluminava à noite. Lá pelos idos da primeira metade da década de 50, o morro também hospedou uma grande e cintilante sigla de um partido político, o PSD.

Da esquerda para a direita: São Lucas (Norte); São João (Leste), São Marcos (Sul) e São Mateus (Oeste)

Para se chegar a este local, escalava-se o morro, agarrando-se aos arbustos mais rasteiros. Hoje, metade do morro foi aplanada pra acomodar uma estrada interestadual. Pode-se ir de carro até lá em cima, por um caminho asfaltado para se ter uma visão, que já foi mais encantadora, da cidade e sua igreja quase centenária. Agora, um prédio alto assombra a igreja e pesa na paisagem. Tem fotos de toda minha família ali neste alto, dos meus pais e tios ainda jovens, e de primos Se pagava promessa ali. Também se fazia piqueniques.

São Marcos está relacionado com a parte mais antiga da cidade, a sul...


Hoje, em cima desse morro tem uma fábrica de jeans com um grande estacionamento todo cercado de arame farpado, o que lhe dá uma aparência de campo de concentração. Ao lado, foi erguido um novo Santo Cruzeiro. Não dá para ser muito feliz ali não, mesmo que ainda permaneça a emoção de se poder quedar distraída, olhando a serra ao longe, abstraííííída... como na inesquecível canção da nossa professora de música, Dona Sula Pitaguary. Que Deus e os Anjos a tenham!!!

O artista plástico Maneco Gusmão colocou o Santo Cruzeiro numa espécie de templo sem paredes. Colunas com o a cabeça de cada um dos quatro evangelistas limitam o espaço sagrado. Lembra as acrópoles, os templos pagãos. Os evangelistas feitos de sucata, lembram aquelas figuras de aparência extra terrenas que guardam as chaminés da cobertura de uma das mais famosas casas de Gaudi em Barcelona, La Pedrera.

Cada coluna e seu ensimesmado Evangelista corresponde a um ponto cardeal. Assim, cada um deles reina sobre um pedaço da cidade. Mas para o não menos amado São Lucas, responsável pelo Norte, pela sabedoria de seus habitantes, sobrou bem pouco. Os olhos do santo não ultrapassam o prédio da fábrica de jeans, distante dali poucos metros. Fiquei tão pouco empolgada com a visão que me esqueci de tirar fotos nessa direção. Ou seja, este post está sem Norte, pronto pra perder o rumo.


São João com a parte mais nova, a que fica ao leste...

São Mateus olha para a saída Oeste, a das cidades do circuito das malhas: Jacutinga e Monte Sião

- clique nas imagens para aumentá-las -

Gostei muito dessa concepção artística que envolve o Santo Cruzeiro de Ouro Fino. Porque como todo número, o quatro tem grande simbologia mística. È o número da estabilidade, do que permanece para viabilizar mudanças e a própria passagem do tempo.
Leia o poema de
João Cabral de Melo Neto

O número quatro feito coisa
ou a coisa pelo quatro quadrado.
seja espaço , quadrúpede, mesa.
está racional em suas patas.
está plantada , à margem e acima
de tudo o que tentar abalá-la ,
imóvel ao vento , terremotos .
no mar maré ou no mar ressaca .


Sò o tempo que ama o ímpar instável
pode contra essa coisa ao passá-la :
mas a roda , criatura do tempo .
é uma coisa em quatro , desgastada .

Mais informações sobre o Quatro:
  • São quatro os Evangelistas.
  • São quatro os seres apocalítipticos.
  • São quatro os pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste.
  • São quatro as principais virtudes: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.
  • São quatros os principais elementos de tudo o que há no mundo, incluindo nós seres humanos: terra, fogo, ar e água.
  • No corpo vivo, a terra está na carne; o ar, no hálito; a água, no sangue; e o fogo seria nosso calor vital.

Ouro Fino - Domingo, 03 de maio de 2009

http://twitter.com/clarafavilla

Nenhum comentário:

Postar um comentário