domingo, 6 de setembro de 2009

A casa dos meus tios-avós Ângelo e Elvira Marcílio, o paraíso na terra para nós crianças...

Para melhor se ter idéia da boniteza da casa, clique nas fotos para ampliá-las


Quando eu era criança, se paraíso existisse, seria certamente como a casa dos meus tios-avós, Ângelo e Elvira, bastante próxima a da minha avó, mas feita com o piso elevado, de forma que nunca era alcançada pelas costumeiras enchentes de verão.

A casa já passou por diversos donos e hoje nenhuma família mora ali. É um salão, ou melhor uma clínica de beleza. Entrei lá, nesta minha passagem por Ouro Fino e, principalmente por dentro, ela continua maravilhosa. Os mesmo ladrilhos hidráulicos, os mesmos decorativos roda-tetos e e rodapés, pintados à mão, os mesmos afrescos na varanda.

Uma das primeiras geladeiras de Ouro Fino chegou no endereço desses meus tios-avós. Era daqueles enormes, de bar, que funcionava tanto à eletricidade como por motor, alimentado a querosene. No verão, limonada fresca só com gelo buscado na casa da tia Elvira, que também dava ponto as nossas gelatinas e guardava a carne da semana. No noite anterior, ou logo cedinho, a Vó Ina encarregava alguma das netas para buscar a carne do almoço armazenada naquele verdadeiro frigorífico.

Também nessa casa foi instalado um dos primeiros telefones particulares de Ouro Fino. E no meio da década de 50, era lá que minha mãe e primas esperavam as chamadas dos namorados que haviam dado baixa do recrutamento feito durante a II Guerra e voltado às cidades de origem. O horário da chamada era avisado com antecedência, por telegrama. Na verdade, o horário previsto era apenas tentativo porque as ligações costumavam ser completadas com várias horas de atraso.


A entrada da frente da casa só era usada em ocasiões especiais. E era bonito de ser ver os convidados bem vestidos subindo e descendo essas escadas com elegância.

Numa das terríveis enchentes que inundou as casas da minha tia Gracy e da Vó Ina nossos tios-avós nos deu abrigo. As crianças molhadas, morrendo de frio e de susto, eram enroladas em cobertores que saíam aos montes, como milagre, de enormes armários. Dormiámos, então, em até seis, numa cama de casal, no sentido contrário ao habitual, de atravessado, para que coubessemos todos. De manhaã, tinha café com leite e biscoitos quentinhos e só retornávamos depois das casas atingidas serem limpas e arrumadas.

Quando eu era menina, a prima Mercedes e o marido Maurício já haviam se mudado para Campinas. Mas era nessa varanda que eles namoravam com o consentimento dos pais, que discordaram no princípio, mas "depois viram que o rapaz era trabalhador e entregaram o futuro da filha a Deus", como disse minha tia Nair. Mas, antes disso, namoraram um bom tempo escondido. Ou melhor, pensavam que sim. Minha tia Elvira acompanhava a filha passo a passo, encarregando o tio Ângelo, irmão da minha mãe, de vigiá-los para depois passar-lhe o relatório completo das atividades dos pombinhos. Claro que meu tio, deliberadamente fingia que não via as melhores cenas e o relatório era dos mais chatos: sentaram juntos no banco da praça da Igreja, conversaram com este e aquele... Como confiar nos jovens, não é mesmo?


Um comentário:

  1. realmente muito linda essa casa...sempre que passo perto dela,ela me chama muito a atenção,nunca deixo de olhar...

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